quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Manobras facilitadoras.

'As manobras facilitadoras e posturais são de grande valia na reabilitação do paciente disfágico, já que parte do treino de retomada da alimentação por via oral será baseado nas manobras que se mostrarem mais efetivas. É importante ressaltar que a chave do sucesso de uma manobra está na seleção da postura que se ajuste à anatomia e fisiologia do indivíduo (Logemann27 et al. 1993).

MANOBRAS FACILITADORAS

a. Manobra supraglótica
Tem como objetivo proteger as vias aéreas maximizando o fechamento das pregas vocais antes e durante a deglutição, tentando assim evitar a aspiração. Sua execução consiste em inspirar, segurar a respiração, deglutir com a respiração presa e tossir imediatamente após a deglutição (Logemann26 et al., 1990 Martin31 et al., 1993).Segundo 26 et al. (1990), essa manobra auxilia pacientes com fechamento reduzido ou tardio de pregas vocais, favorecendo assim uma alimentação segura.

b. Manobra super supraglótica
Tem como propósito proteger a via aérea maximizando o fechamento das pregas vocais e pregas vestibulares. Sua execução consiste em solicitar uma inspiração, segurar a respiração, deglutir com esforço e tossir após a deglutição (Martin31 et al., 1993).

Para Logemann28 1997), essa manobra promove a proteção das vias aéreas da aspiração pela utilização voluntária do fechamento aéreo prolongado, seguida de expiração forçada, e tem sido usada em pacientes disfágicos que apresentam sintomas de penetração laríngea ou aspiração antes ou durante a deglutição, particularmente os que tiveram laringectomia supraglótica.

c. Deglutição de esforço
Auxilia no clareamento do bolo em valécula devido ao aumento do movimento posterior de base de língua durante a deglutição faríngea, favorecendo assim maior segurança durante a alimentação (Kahrilas20 et al. 1992). Segundo Pouderoux36 et al (1995), aumenta a pressão na fase oral, facilitando a ejeção do bolo em direção a fase faríngea.Baseados nessas observações, Chaudhuri7 et al (2001) desenvolveram um estudo prospectivo para avaliar o efeito cardiovascular das manobras supra e supersupraglóticas em pacientes com disfagia decorridos de AVC. Em seu estudo, observaram que as manobras supraglótica e supersupraglóticas utilizadas na reabilitação do idoso disfágico mostraram ser um método que pode provocar efeitos cardíacos importantes sugerindo inclusive que essas manobras não deveriam ser utilizadas em pacientes que sofreram AVC, especialmente com história de arritmia cardíaca, ou doença na artéria coronária, infarto agudo congestivo ou hipertensão não controlada.

Donzelli15 et al (2004) observaram que seria importante avaliar as manobras de proteção de vias aéreas supraglótica e supersupraglótica, através do exame de nasofibroscopia e seus efeitos sobre a apnéia das pregas vocais em adução e sua implicação para uma deglutição segura. Observaram 150 voluntários, entre 13 e 91 anos, com habilidades cognitivas para compreender as solicitações verbais e sem história de problemas neurológicos, déficits espinhais ou disfagia. Concluíram que essas manobras são efetivas para manter o pleno fechamento laríngeo em adultos saudáveis que demonstraram risco de aspiração antes e durante a deglutição.

MANOBRAS POSTURAIS

a. Cabeça para baixo /flexão de cabeça
Para Logemann27 (1993), a manobra de cabeça para baixo aumenta o espaço valecular, levando assim à melhor proteção de vias aéreas. Auxilia também no fechamento do vestíbulo laríngeo (Ekberg16, 1986).

Durante a deglutição, a cabeça para baixo estreita significativamente a entrada da via aérea, direciona a base da língua e a epiglote em direção á parede posterior da faringe, aumentando a pressão da passagem do alimento Shanahan41 et al. 1993 Welch44 et al., 1993). Essa manobra reduz a distância laringohióidea e hiomandibular. Em pacientes que apresentam deficiência na função faríngea e com fechamento laríngeo ineficiente podem apresentar risco de aspiração (Bülow4 et al., 1999).

Logemann29 2000relatou que essa manobra promove um melhor contato da base da língua com a parede faríngea, posicionando a epiglote em contato com a parede posterior da faringe, aumentando assim, a proteção das vias aéreas.

Para Bülow5 (2001), a manobra de cabeça para baixo não se mostrou eficaz em pacientes com moderada a severa disfagia na fase faríngea, não impediu episódios de aspiração/penetração, manteve a retenção faríngea e continuou com fraqueza da contração faríngea.

b. Manobra de cabeça para trás / hiperextensão de cabeça
Para Logemann27 (1993), essa manobra facilita a drenagem gravitacional do alimento em direção faringe, melhorando a velocidade do trânsito oral. Embora essa manobra seja utilizada em pacientes com comprometimento na fase oral da deglutição, propicia risco de aspiração em pacientes com proteção prejudicada de vias aéreas Ekberg16, 1986 Martin31 et al. 1993 Ohmae34, 1996).

Logemann29 (2000), posteriormente, admitiu que para maior segurança durante a alimentação do paciente que estivesse utilizando a manobra de cabeça para trás, associá-la à manobra voluntária supraglótica, antes e durante a deglutição, minimizaria assim riscos de aspiração.

c. Cabeça virada para o lado comprometido / rotação de cabeça
Durante a administração da dieta alimentar, essa manobra favorece a condução do alimento para o lado mais forte, auxiliando também o fechamento da laringe e protegendo a via aérea (Logemann 25 et al., 1989 ).Segundo Logemann26 et al. (1990), auxilia indivíduos com paresia faríngea unilateral, direcionando o bolo durante a deglutição para a hemifaringe funcional. Observou mais tarde que essa manobra promove pressão sobre a prega vocal comprometida, movendo-a em direção à linha média, facilitando o fechamento da via aérea durante a alimentação Logemann29, 2000).

d. Cabeça inclinada para o lado não comprometido / inclinação de cabeça
Essa manobra auxilia na descida do alimento pelo lado mais eficiente (Logemann27, 1993). Observou mais tarde que essa manobra auxilia pacientes com disfunção unilateral de língua, associadas a desordens faríngeas Logemann29, 2000).'

(Trecho retirado da Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. v.9 n.3 Rio de Janeiro 2006 - Deglutição e envelhecimento: enfoque nas manobras facilitadoras e posturais utilizadas na reabilitação do paciente disfágico)
Artigo na íntegra: http://www.unati.uerj.br/tse/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1809-98232006000300007&lng=pt&nrm=iso

2 comentários:

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  2. boa noite voce pode me responder, se essa manobra super e supraglotica não são eficientes em pacientes com disfagia por favor.

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